Diagnosticar um transtorno mental pressupõe a existência de um determinado número de sintomas clínicos, que, somados a outros critérios, indicarão ao profissional o prognóstico do caso e o tratamento a ser adotado. O psicodiagnóstico, portanto, tem sua importância para a clínica e, também, para aquele paciente que, em alguns casos, parece se sentir aliviado, ainda que momentaneamente, ao descobrir que o seu sofrimento tem um nome. Não raro, muitas pessoas consultam a internet para tentar compreender por que se angustiam ou por que se entristecem sem uma aparente razão, por que não dormem ou não conseguem se concentrar em mais nada, por que sentem vontade de se isolar, de comer compulsivamente ou de se cortar ou, então, qual seria a razão daquele ódio desmedido por uma determinada pessoa ou até por si mesmas.  Enfim, as possibilidades de expressão do sofrimento psíquico são quase infinitas. Pode-se dizer, inclusive, que são inerentes a cada pessoa, em particular. Ou seja, o sofrimento é subjetivo e personalíssimo. E é esta singularidade que interessa à clínica psicanalítica, pois, para além de um diagnóstico, profissional ou não, existe alguém com uma história de vida singular, cujas vicissitudes permearam seu ser, modularam sua libido e constituíram suas fantasias inconscientes. Portanto, apropriar-se de um diagnóstico clínico para apenas nomear um sofrimento pode ser uma forma de não querer saber sobre a verdade que o sustenta. Por outro lado, é possível transformar este sofrimento através da palavra, instrumento fundamental do tratamento psicanalítico. Através de uma narrativa, o paciente reconstitui sua própria história de vida, articulando-a ao tempo presente e, deste modo, vai descobrindo que, mais importante do que se apropriar de um diagnóstico é, justamente, desalienar-se dele para poder se apropriar de si mesmo.

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