O sofrimento psíquico pode ter muitos nomes: depressão, pânico, fobia, ansiedade, anorexia, bulimia… Diagnosticar um transtorno mental pressupõe, em geral, a existência de um determinado número de sintomas clínicos, que, somados a outros critérios, indicarão ao profissional o prognóstico do caso e o tratamento a ser adotado. O psicodiagnóstico, portanto, tem sua importância principalmente para a clínica psiquiátrica e, também, para o paciente que, em alguns casos, parece se sentir aliviado, ainda que momentaneamente, ao descobrir que o seu sofrimento tem um nome. Não raro, muitas pessoas consultam a internet para tentar compreender por que estão angustiadas ou por que se entristecem sem uma aparente razão, ou, ainda, por que não dormem ou não conseguem se concentrar em mais nada, por que sentem vontade de se isolar, de comer compulsivamente ou de se cortar ou, então, qual seria a razão daquele ódio desmedido por esta ou aquela pessoa ou até por si mesmas. Enfim, as possibilidades de expressão do sofrimento psíquico são quase infinitas. Pode-se dizer, de fato, que são inerentes a cada pessoa, em particular. Ou seja, o sofrimento é subjetivo, personalíssimo e intransferível. E é esta singularidade que interessa à clínica psicanalítica, pois, para além de um diagnóstico, profissional ou não, existe alguém com uma história de vida particular, cujas vicissitudes permearam seu ser, modularam sua libido e constituíram suas fantasias inconscientes. Portanto, apropriar-se de um diagnóstico clínico para apenas nomear um sofrimento pode, muitas vezes, ser apenas uma forma de não querer saber sobre a verdade que o sustenta. Por outro lado, é possível transformar este sofrimento pela via da palavra, ferramenta fundamental do tratamento psicanalítico. Trata-se, portanto, de uma questão de escolha!
…não desprezemos a palavra. Afinal de contas, ela é um instrumento poderoso; é o meio pelo qual transmitimos nossos sentimentos a outros, nosso método de influenciar pessoas. As palavras podem fazer um bem indizível e causar terríveis feridas.” S. Freud, 1926, vol. XX